Depois do celular, acabei nunca mais consertando meus relógios quando eles estragaram.
Uma pulseira de Swatch que eu só conseguiria trocar em São Paulo, uma pilha de um Cavalera que acabou, um pino do meu relógio do Grêmio. Entre ir até um relojoeiro e tirar o meu celular do bolso, acabo optando pela segunda opção. É mais barata e mais prática.
O problema é que, como todos os relógios que andam comigo, o do celular também adianta sempre cinco minutos. Sério. Isso acontece desde o primeiro Mido que ganhei do meu pai.
Depois de 29 anos com esse problema (meu pai trocou de relógio e me deu o antigo dele quando eu tinha oito anos), descobri que, na verdade, eu ganhei um dom. O dom de viajar no tempo.
É tudo muito simples. Quando eu acordo, por exemplo, são 6h45min. Ponho uma roupa, escovo os dentes, vou pra sala e no relógio do DVD, tchan-nan, são 6h45min. Ou seja, executei as primeiras tarefas do dia sem perder um minuto.
A mesma coisa acontece com o meu computador, que está seis minutos atrás do relógio do meu celular. Quando eu acho que estou chegando 15 minutos atrasado para trabalhar, meus colegas só percebem um atraso de 9 minutos. Moral da história: mais uma vez, eu dominei o tempo.
O melhor dessa minha capacidade de viajar no tempo é que, tanto no tempo do meu celular quanto no tempo de verdade, as coisas acontecem simultaneamente. Infelizmente, ainda não consigo sair da nossa dimensão só com os cinco minutos de diferença entre o celular e os outros relógios. Isso é bom, porque eu não passo pela tentação de usar em meu benefício coisas que, por qualquer acaso, eu poderia ficar sabendo antes.
E, antes que você diga, “por que esse imbecil não regula os relógios?”, eu já respondo. Eu até arrumo, mas ele sempre volta a adiantar cinco minutos. Independente do tipo de relógio que eu usar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário