Tem sol na rua, um frio agradável, mas tudo é só tristeza. Não adianta remédio, não adianta companhia. Quando esfria desse jeito, e os dias são tão lindos, parece que eu fico mais triste. Acho que é beleza demais pra mim, que não mereço.
Saio pra dar uma volta. Os carros andam devagar, as pessoas sorriem. Eu não. Eu quero atrapalhar. Ando rápido, mudo de pista, buzino. Se eu não posso ser feliz, ninguém deveria ser. Mas eu sou tão pouco, tão pequeno, que fica impossível lutar contra milhares de pessoas e contra o tempo. O tempo lindo.
Um sujeito com a família fica irritado com a minha buzinada. Acelera pra não me perder de vista. Quando paramos num sinal, ele baixa o vidro pra discutir comigo. Antes que ele possa falar qualquer coisa, solto a maior sequência de ofensas que um dia lindo como esse poderia suportar.
Qual é, filho da puta? Tu comprou essa porra dessa rua, seu fodido? Comprou pra passear com essa vagabunda escrota e com estes moleques ranhentos? Então faz o seguinte, o corno: enfia cada paralelepípedo dessa rua no teu rabo. Se sobrar, enfia na tua mulher e nesses viadinhos que tu acha que são teus filhos. Porque esses filhos da puta aí no banco de trás devem ser filhos dos teus camaradas. Só tu não sabe que essa vadia dá pra todo mundo.
Arranco tranquilamente. O sujeito continua no sinal. Não sabe o que fazer.
Não tô mais triste. Talvez tenha passado tudo para ele.
Um comentário:
rarararrararararararararara
escroto. vou fazer isso um dia.
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